domingo, 5 de dezembro de 2010

Vinte e seis anos depois, Flu volta a ser campeão brasileiro



Brilho no jogo de despedida de 2010: São Paulo goleia o Galo no Morumbi

Tricolor mostra bom futebol que poucas vezes conseguiu apresentar na temporada e vence o Atlético-MG, por 4 a 0, na última partida do ano

Por Tiago LemeSão Paulo
O brilho que o São Paulo não conseguir ter durante o ano de 2010, o time apresentou na goleada sobre o Atlético-MG, por 4 a 0, neste domingo, no Morumbi. Descompromissado e com boa atuação ofensiva, o Tricolor não deu chances para o Galo e venceu com gols de Ilsinho, Lucas, Marlos e Renato Silva, em duelo válido pela última rodada do Campeonato Brasileiro.
Gol do São PauloSão-paulinos comemoram gol na vitória sobre o Atlético-MG, no Morumbi (Foto: Gaspar Nóbrega / VIPCOMM)
Com o estádio recebendo menos de 10 mil pessoas, sob chuva na capital paulista e em um jogo que pouco valia para as duas equipes, o time do técnico Paulo César Carpegiani fechou a temporada deixando os seus torcedores um pouco mais animados. O São Paulo terminou o Brasileirão na nona colocação, com 55 pontos, 16 a menos do que o campeão Fluminense.
Já o Atlético-MG, apesar da derrota, garantiu a vaga na Copa Sul-Americana de 2011 (o Tricolor também já havia assegurado a classificação), beneficiado pelo tropeço do Avaí. Lucro para uma equipe que esteve na zona do rebaixamento durante boa parte do torneio. O time comandado por Dorival Júnior fechou o campeonato 13ª posição, com 45 pontos.
Tricolor soberano em campo
Mesmo atuando com uma equipe repleta de reservas, o São Paulo dominou o primeiro tempo diante de um Atlético-MG que entrou em campo com os titulares, mas teve atuação fraca. A constante movimentação de Ilsinho e Lucas, responsáveis por armar as jogadas no meio-campo, junto com a velocidade de Marlos e Lucas Gaúcho, no ataque, envolveram a zaga atleticana.
O Tricolor marcou três gols e poderia ter feito até mais antes do intervalo, se não fosse as defesas do goleiro Renan Ribeiro em finalizações de Marlos e Lucas Gaúcho. Já o Galo não mostrou forças para chegar à frente e evitar a boa exibição dos donos da casa.
O placar foi aberto aos 27 minutos com um gol de Ilsinho, que chutou cruzado da entrada da área após boa jogada de Marlos pela direita. Aos 31, Lucas arriscou de fora da área e fez o segundo. O terceiro gol saiu aos 41, também de longe, em um chute colocado de Marlos.
Goleada confirmada
Tentando reagir, o técnico Dorival Júnior fez a terceira substituição antes do início da segunda etapa, colocado o meia Ricardinho no lugar do atacante Obina. Antes, já havia trocado o volante Zé Luís, machucado, por Fabiano, e o lateral Rafael Cruz pelo atacante Neto Berola,.
Mas as esperanças do time mineiro de uma recuperação na partida esfriaram rápido demais. Logo a 1 minuto, o zagueiro Renato Silva cabeceou para o fundo das redes após cobrança de escanteio: 4 a 0.
Preocupado em sofrer uma goleada ainda maior, o Galo recuou, o Tricolor diminuiu o ritmo e o confronto caiu de qualidade. Mesmo assim, o time de Carpegiani só não marcou o quinto porque Marlos perdeu um gol incrível.
Depois de se agitarem bastante nas arquibancadas com os quatro gols da equipe, e com o gol do título do Fluminense no Engenhão, os torcedores são-paulinos também aplaudiram bastante Jorge Wagner, que deixou o campo aos 38 minutos. O jogador foi abraçado pelos companheiros no gramado em sua última partida pelo clube, já que está de saída para o Kashiwa Reysol-JAP. Após o apito final, mais festa no Morumbi, não pelo desempenho do time no ano, mas valeu pelo jogo de despedida.
SÃO PAULO 4 X 0 ATLÉTICO-MG
Rogério Ceni; Jean, Xandão, Renato Silva e Jorge Wagner (Diogo); Zé Vitor, Carlinhos Paraíba (Sérgio Mota), Ilsinho e Lucas; Marlos e Lucas Gaúcho (Casemiro)Renan Ribeiro; Rafael Cruz (Neto Berola), Jairo Campos, Cáceres e Leandro; Zé Luís (Fabiano), Serginho, Renan Oliveira e Diego Souza; Obina (Ricardinho) e Diego Tardelli
Técnico: Paulo César CarpegianiTécnico: Dorival Júnior
Gols: Ilsinho, aos 27min, Lucas, aos 31min, Marlos, aos 41min do primeiro tempo, e Renato Silva, a 1min do segundo tempo.
Cartões Amarelos: Diego Tardelli e Fabiano (Atlético-MG)
Público: 9.782 pagantes. Renda: R$ 190.281,59
Local: estádio do Morumbi, em São Paulo (SP). Data: 05/12/2010.Árbitro: Marcelo de Lima Henrique (Fifa-RJ). Auxiliares: Dibert Pedrosa Moisés (RJ) e Rodrigo Pereira Joia (RJ)

Que vacilo! Timão empata com Goiás e termina o Brasileirão em terceiro

Agora, a equipe alvinegra já não tem mais vaga direta na fase de grupos da Libertadores. Terá de enfrentar colombiano para avançar na competição

Por Carolina Elustondo e Leandro CanônicoGoiânia, GO
Todo mundo sabia que a situação do Corinthians era complicada. Era difícil que o agora campeão Fluminense empatasse ou perdesse do rebaixado Guarani. Mas o Timão conseguiu piorar ainda mais a situação, dando um ar melancólico à sua despedida do Campeonato Brasileiro. Diante de um Goiás reserva e cheio de garotos, o Alvinegro só empatou por 1 a 1 no Serra Dourada. Pior: com a vitória do Cruzeiro sobre o Palmeiras caiu para o terceiro lugar e vai para a pré-Libertadores.

Ou seja, a equipe que jamais saiu das três primeiras colocações em 38 rodadas perdeu o título, o vice-campeonato e uma vaga direta na fase de grupos da competição sul-americana. Como terceiro colocado do Brasileirão, o Timão vai ter de disputar a pré-Libertadores com um representante da Colômbia. De certa forma uma castigo para uma equipe que esteve tão perto do pentacampeonato.

Mas o Corinthians esteve nervoso. E a prova desse nervosismo foi retratada no goleiro Julio Cesar. Impecável na maioria dos jogos em que atuou neste Brasileirão, o camisa 1 alvinegro falhou feio neste domingo. Aos 19 minutos, ele saiu mal do gol após recuo de Roberto Carlos e deu um “passe” para Felipe Amorim tocar para a rede. Dentinho empatou nove minutos depois, é verdade, mas o lance desestabilizou os alvinegros.

Mérito também para o Goiás, que, mesmo rebaixado e desfigurado, deu muito trabalho ao Timão. Se com ou sem incentivo de algum outro clube, não importa. O fato é que o Corinthians não teve qualidade para superar o adversário e voltou a falhar fora de casa. Na era Tite, por sinal, foram três empates fatais como visitante (Flamengo, Vitória e Goiás). Mesmo assim, o técnico terminou invicto.

A lamentar também o adeus do zagueiro William, que neste domingo se despediu do futebol e foi ovacionado pela torcida corintiana no Serra Dourada. E também a saída de Elias, que, chorando, avisou que está apalavrado com o espanhol Atlético de Madri. Ao final do jogo, os jogadores foram até a Fiel e agradeceram o apoio durante a competição.
Que vacilo, Timão!
Estrategicamente, o Corinthians não quis atrasar o início do jogo no Serra Dourada. Então, rolou a bola rapidamente para tentar fazer um gol relâmpago e jogar a pressão para o Fluminense, que iniciou o duelo com o Guarani, no Rio de Janeiro, cinco minutos mais tarde. O plano alvinegro, no entanto, deu errado.
Nervosos, os jogadores do Corinthians erravam passes bobos e muitas vezes se atrapalhavam ao tentar um lance mais rebuscado. E foi numa dessas bobeadas que o Goiás, totalmente reserva e recheado de garotos, abriu o marcador. O lance ocorreu aos 19 minutos e teve como protagonista o goleiro Julio Cesar.
Depois de levar uma bola nas costas, Roberto Carlos desviou para a área alvinegra. Julio Cesar saiu mal do gol e chutou fraco para a intermediária. Era lá que estava o meia Felipe Amorim, que dominou e chutou rasteiro para o gol vazio. Na tentativa de não desanimar o elenco, a Fiel prontamente cantou forte.
Em desvantagem e com o Fluminense empatando com o Guarani no Engenhão, o Corinthians foi para cima de maneira desordenada e pouco fez nos minutos seguintes. Mas aos 28, em uma jogada muito bem organizada, Dentinho empatou. Bruno Cesar achou Elias na direita e o volante rolou para o atacante completar.
O empate animou o Timão, mas para ser campeão brasileiro era necessária uma vitória. Para piorar, aos 37 minutos, o técnico Tite perdeu o zagueiro Chicão, machucado. Leandro Castán entrou em sua vaga.
Ansiedade e decepção
As duas equipes voltaram para o segundo tempo com as mesmas formações que encerraram a etapa inicial. Sem o mesmo ímpeto ofensivo do começo, o Goiás recuou. Mas o Corinthians, ansioso demais, não conseguia transformar a maior posse de bola em chances de gol. A bola parecia queimar os pés alvinegros.

Percebendo que o Timão precisava melhorar no ataque, o técnico Tite sacou o volante Ralf e escalou Jorge Henrique, xodó da torcida. Mas a primeira chance dos alvinegros no segundo tempo foi em uma falta de Roberto Carlos que parou na barreira. Faltava mais jogadas pelas pontas ao clube paulista.

Mas o Goiás não estava morto. Embora rebaixado e com seu time reserva, o time esmeraldino procurou espaços e até encontrou algum. Mas a zaga alvinegra estava bem postada. Se atrás a segurança era elogiável, na frente a ansiedade era condenável. Ansiedade que virou desânimo aos 23 minutos.

Foi nesse momento que o sistema de som do Serra Dourada informou o gol do Fluminense no Engenhão. O Corinthians, então, precisava fazer mais um e ainda torcer para o Guarani empatar. Ficou ainda mais complicado. E os jogadores sentiram isso em campo, até porque a torcida também desanimou.

A Fiel só voltou a se agitar na arquibancada aos 38 minutos, quando Ronaldo enfim apareceu. Ele gingou em frente à zaga e chutou forte de fora da área, acertando a trave direita. Empurrado por esse lance, o Corinthians ainda tentou a vitória, mas não encontrou forças para furar o bloqueio esmeraldino.
 
GOIÁS 1 X 1 CORINTHIANS
Fábio; Wendel Santos, Mateus, Valmir Lucas e Jadilson; Lenon, Jonílson, Camacho e Felipe Amorim (Assuério); Everton Santos e Wendel Lira (Rithely).Julio Cesar, Alessandro, Chicão (Leandro Castán), William e Roberto Carlos; Ralf (Jorge Henrique), Elias, Jucilei e Bruno César (Danilo); Dentinho e Ronaldo.
Técnico: Artur Neto.Técnico: Tite.
Gols: Felipe Amorim, aos 19, Dentinho, aos 28 minutos do primeiro tempo.
Cartões amarelos: Matheus, Rithely (GOI). 
Público: 28.917 pagantes. Renda: R$755.200,00.
Local: Serra Dourada, em Goiânia (GO). Data: 05/12/2010. Árbitro:Leandro Pedro Vuaden (Fifa-RS). Auxiliares: Marcelo Bertanha Bariton (RS) e Julio Cesar Rodrigues Santos (RS).

Emerson, o Sheik, marca o gol do título aos 16 minutos do segundo tempo, e Tricolor derrota o Guarani por 1 a 0 num Engenhão verde, grená e branco

por GLOBOESPORTE.COM
 Vinte e seis anos, seis meses e oito dias. Esse foi o tempo em que o grito eufórico e emocionado do título brasileiro ficou engasgado na garganta de cada um dos milhões de tricolores espalhados por todo o Brasil. Mas neste domingo, 5 de dezembro de 2010, Conca, Mariano, Fred, Washington  & Cia., comandados por Muricy Ramalho e sob a estrela do mais novo herói, Emerson, o Sheik, autor do gol da vitória por 1 a 0 sobre o Guarani, decretaram, num Engenhão espremido por mais de 40 mil torcedores, que as cores da moda no futebol brasileiro são o verde, o grená e branco.
A festa do pó de arroz está de volta. A torcida grita, com toda força, que o Fluminense é tricampeão brasileiro - reivindica o Robertão (ou Taça da Prata) conquistado em 1970. Para a CBF, é bicampeão. Mais importante, no entanto, é que ficou com a taça quem mais a mereceu.
A história do "time de guerreiros", como chama sempre a torcida em coro, é digna de uma crônica do saudoso jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues, um dos mais tradicionais tricolores. Um ano depois da arrancada espetacular que livrou o clube do rebaixamento, a equipe de Muricy ficou 23 rodadas na liderança. Ninguém esteve mais na frente no Brasileirão 2010. Junto com o Cruzeiro - que bateu o Palmeiras  por 2 a 1 -, foi a equipe com mais vitórias (19). A última, neste domingo, começou com passe de cabeça de Washington - que entrou no segundo tempo e está há 15 partidas sem marcar - para o Sheik Emerson tocar de canhota por baixo das pernas do goleiro xará, aos 16 minutos, entrar para a história do clube e fazer o hino de Lamartine Babo tocar sem parar.
Emerson gol FluminenseEmerson marca o gol do título e entra para a história do Fluminense (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
Melhor ainda do que tudo isso, o Fluminense mostrou, aliado ao conjunto, o melhor jogador da competição. O baixinho argentino Conca escreve seu nome na história tricolor ao lado de ídolos como o paraguaio Romerito - autor do gol do último Brasileiro conquistado pelo clube -, além de Rivelino, Assis, Branco, Valdo, Tim e tantas outras feras.
Camisa 11 com pinta de 10, comandou a equipe com o toque de classe dos grandes craques, além da onipresença incomparável - sim, ele atuou em todas as 38 partidas. Fora de campo, os méritos vão todos para o competente técnico Muricy Ramalho. Tricampeão brasileiro pelo São Paulo, ele conquista agora o tetra pelo Fluminense e se aproxima do maior vencedor da competição, Vanderlei Luxemburgo, hoje no Flamengo.
Nervosismo
Emerson Fred Washington gol fluminense Washington (ao fundo) entra para dar de cabeça o
passe para o gol de Emerson (Foto: Photocamera)
O roteiro da partida era óbvio: o Guarani retrancado, tentando surpreender no contra-ataque, e o Fluminense na frente, para definir logo a partida e o título. Só que a tensão das duas equipes e o péssimo gramado do Engenhão deixavam a bola mais "viva" do que nunca. O zero a zero do primeiro tempo foi a mais perfeita tradução do pouco futebol apresentado pelas duas equipes.
Logo no início, dois lances mostraram que a tensão estava ali para atrapalhar o Tricolor nas finalizações. Logo aos cinco minutos, Júlio César, no lugar de Deco, rolou para Emerson livre no meio da área, mas a bola escapou do atacante. Pouco depois, em falta cobrada pela direita, Conca mandou de canhota, à la Gérson, na medida para Gum. O zagueiro matou no peito para bater, mas, lento, acabou travado na hora do chute.
Passes errados, pouca velocidade para passar do meio de campo para o ataque... Fred bem que se deslocava, mas a bola não chegava. O time tricolor parecia travado. Muricy bem que gritava, da beira do campo. A primeira vibração da torcida, curiosamente, foi com o gol marcado pelo Goiás no Serra Dourada. O 1 a 0 sobre o Corinthians assegurava o título para o Flu sem precisar vencer o Guarani. Mas o Timão empatou...
A tensão não era só do Flu. Após uma cabeçada torta de Fred, a defesa do Bugre discutiu. Ailson deu bronca em Maycon, que respondeu com uma cabeçada no companheiro de time. O árbitro Carlos Eugenio Simon, que fazia sua despedida dos gramados, deu cartão amarelo para os dois jogadores.
Com Diguinho e Valencia lentos na saída de jogo, Carlinhos preso pela esquerda e Júlio César apagado, a melhor oção eram as jogadas aéreas pela direita. Foi por ali que saiu a primeira jogada que fez o goleiro Emerson, do Guarani, trabalhar bem. Fred cabeceou firme, mas o arqueiro fez a defesa, sem rebote. Em outra jogada de Mariano, o melhor do time na primeira etapa, Emerson tocou de cabeça para Fred disparar, mas o atacante foi travado por uma zaga que, se até ali evitava o gol do adversário, mostrava-se confusa na saída de bola e na colocação em campo. Bicos para o alto e pela lateral eram a saída...
Ao Guarani, restava puxar os contra-ataques pela direita, com um veloz Apodi. Numa delas, Valencia apareceu na hora para isolar para escanteio. Mas a chance que fez cada tricolor no Engenhão roer as unhas foi aos 39. Em cobrança de escanteio de Márcio Careca, a bola sobrou limpa para Reinaldo, que ao matá-la a deixou escapar.
Gol do título
O último lance tricolor, aos 45, quando Conca, àquela altura mais efetivo nas jogadas para servir o ataque, tocou para Emerson bater fraco, mostrou que no vestiário seria necessária uma injeção de Muricy para tirar o time da inércia. Mas logo no início da segunda etapa, Carlinhos deu um tapa em Paulinho, já caído, e só não foi expulso porque Carlos Eugenio Simon não viu.
Quieta na maior parte da primeira etapa, a torcida tricolor percebeu que precisava empurrar o time. Os gritos aumentaram principalmente após o gol do Palmeiras sobre o Cruzeiro, em Sete Lagoas. Outro resultado ótimo. E após o jogo paralisado aos 10 minutos com as câimbras de Júlio César, Muricy chamou Washington, há 14 partidas sem marcar, para aquecer.
A torcida vibrou com a entrada do atacante no lugar de Júlio César. Parecia um script de Nelson Rodrigues.  Na primeira boa ida de Carlinhos à linha de fundo aos 16, o centro foi para o Coração Valente. Ele tocou de cabeça para a área, a bola resvalou em Guilherme e caiu á feição de Emerson. O Sheik tocou de canhota por baixo das pernas de Ailson e do goleiro xará: 1 a 0 para o Fluminense, loucura no Engenhão.
Muricy trocou Fred por Fernando Bob. Depois, Emerson, ovacionado, por Rodriguinho. Mancini desarmou o 3-6-1 do Bugre, trocando o lateral Guilherme por Pablo. Tentou dar mais agressividade ao tirar Márcio Careca e botar Geovane. E tentou melhorar o ataque com Douglas no lugar de Reinaldo. Mas quem chegou mais perto do gol foi o Flu. Washington quase pôs fim ao jejum, mas bateu fraco, para defesa de Emerson.
O gol da virada do Cruzeiro no fim devolveu a tensão - menos mal que o Corinthians ficou mesmo no empate com o Goiás. Àquela altura, o Flu era obrigado a sair do Engenhão com a vitória. Fred e Emerson, desesperados no banco, pediam o apito final. A torcida gritava, eufórica. Após o apito final de Simon, a festa tricolor começou, sem data para terminar.
FLUMINE

Ricardo Berna, Mariano, Gum, Leandro Eusébio e Carlinhos; Diguinho, Valencia, Julio Cesar (Washington) e Conca; Emerson (Rodriguinho) e Fred (Fernando Bob).
 
Emerson, Guilherme (Pablo), Aislan, Ailson e Fabiano; Ronaldo, Maycon, Apodi, Paulinho e Márcio Careca (Geovane); Reinaldo (Douglas).
Técnico: Muricy RamalhoTécnico: Vágner Mancini
Gols: no segundo tempo, Emerson, aos 16 minutos.
Cartões amarelos: Mariano, Emerson e Gum (Flu); Paulinho, Ailson, Maycon e Fabiano (Guarani)
Local: Engenhão, no Rio de Janeiro. Árbitro: Carlos Eugênio Simon, auxiliado por Altemir Hausman (Fifa/RS) e Roberto Braatz (Fifa/PR). Público: 40.905














































Emerson, o Sheik, marca o gol do título aos 16 minutos do segundo tempo, e Tricolor derrota o Guarani por 1 a 0 num Engenhão verde, grená e branco

por GLOBOESPORTE.COM
 Vinte e seis anos, seis meses e oito dias. Esse foi o tempo em que o grito eufórico e emocionado do título brasileiro ficou engasgado na garganta de cada um dos milhões de tricolores espalhados por todo o Brasil. Mas neste domingo, 5 de dezembro de 2010, Conca, Mariano, Fred, Washington  & Cia., comandados por Muricy Ramalho e sob a estrela do mais novo herói, Emerson, o Sheik, autor do gol da vitória por 1 a 0 sobre o Guarani, decretaram, num Engenhão espremido por mais de 40 mil torcedores, que as cores da moda no futebol brasileiro são o verde, o grená e branco.
A festa do pó de arroz está de volta. A torcida grita, com toda força, que o Fluminense é tricampeão brasileiro - reivindica o Robertão (ou Taça da Prata) conquistado em 1970. Para a CBF, é bicampeão. Mais importante, no entanto, é que ficou com a taça quem mais a mereceu.
A história do "time de guerreiros", como chama sempre a torcida em coro, é digna de uma crônica do saudoso jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues, um dos mais tradicionais tricolores. Um ano depois da arrancada espetacular que livrou o clube do rebaixamento, a equipe de Muricy ficou 23 rodadas na liderança. Ninguém esteve mais na frente no Brasileirão 2010. Junto com o Cruzeiro - que bateu o Palmeiras  por 2 a 1 -, foi a equipe com mais vitórias (19). A última, neste domingo, começou com passe de cabeça de Washington - que entrou no segundo tempo e está há 15 partidas sem marcar - para o Sheik Emerson tocar de canhota por baixo das pernas do goleiro xará, aos 16 minutos, entrar para a história do clube e fazer o hino de Lamartine Babo tocar sem parar.
Emerson gol FluminenseEmerson marca o gol do título e entra para a história do Fluminense (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
Melhor ainda do que tudo isso, o Fluminense mostrou, aliado ao conjunto, o melhor jogador da competição. O baixinho argentino Conca escreve seu nome na história tricolor ao lado de ídolos como o paraguaio Romerito - autor do gol do último Brasileiro conquistado pelo clube -, além de Rivelino, Assis, Branco, Valdo, Tim e tantas outras feras.
Camisa 11 com pinta de 10, comandou a equipe com o toque de classe dos grandes craques, além da onipresença incomparável - sim, ele atuou em todas as 38 partidas. Fora de campo, os méritos vão todos para o competente técnico Muricy Ramalho. Tricampeão brasileiro pelo São Paulo, ele conquista agora o tetra pelo Fluminense e se aproxima do maior vencedor da competição, Vanderlei Luxemburgo, hoje no Flamengo.
Nervosismo
Emerson Fred Washington gol fluminense Washington (ao fundo) entra para dar de cabeça o
passe para o gol de Emerson (Foto: Photocamera)
O roteiro da partida era óbvio: o Guarani retrancado, tentando surpreender no contra-ataque, e o Fluminense na frente, para definir logo a partida e o título. Só que a tensão das duas equipes e o péssimo gramado do Engenhão deixavam a bola mais "viva" do que nunca. O zero a zero do primeiro tempo foi a mais perfeita tradução do pouco futebol apresentado pelas duas equipes.
Logo no início, dois lances mostraram que a tensão estava ali para atrapalhar o Tricolor nas finalizações. Logo aos cinco minutos, Júlio César, no lugar de Deco, rolou para Emerson livre no meio da área, mas a bola escapou do atacante. Pouco depois, em falta cobrada pela direita, Conca mandou de canhota, à la Gérson, na medida para Gum. O zagueiro matou no peito para bater, mas, lento, acabou travado na hora do chute.
Passes errados, pouca velocidade para passar do meio de campo para o ataque... Fred bem que se deslocava, mas a bola não chegava. O time tricolor parecia travado. Muricy bem que gritava, da beira do campo. A primeira vibração da torcida, curiosamente, foi com o gol marcado pelo Goiás no Serra Dourada. O 1 a 0 sobre o Corinthians assegurava o título para o Flu sem precisar vencer o Guarani. Mas o Timão empatou...
A tensão não era só do Flu. Após uma cabeçada torta de Fred, a defesa do Bugre discutiu. Ailson deu bronca em Maycon, que respondeu com uma cabeçada no companheiro de time. O árbitro Carlos Eugenio Simon, que fazia sua despedida dos gramados, deu cartão amarelo para os dois jogadores.
Com Diguinho e Valencia lentos na saída de jogo, Carlinhos preso pela esquerda e Júlio César apagado, a melhor oção eram as jogadas aéreas pela direita. Foi por ali que saiu a primeira jogada que fez o goleiro Emerson, do Guarani, trabalhar bem. Fred cabeceou firme, mas o arqueiro fez a defesa, sem rebote. Em outra jogada de Mariano, o melhor do time na primeira etapa, Emerson tocou de cabeça para Fred disparar, mas o atacante foi travado por uma zaga que, se até ali evitava o gol do adversário, mostrava-se confusa na saída de bola e na colocação em campo. Bicos para o alto e pela lateral eram a saída...
Ao Guarani, restava puxar os contra-ataques pela direita, com um veloz Apodi. Numa delas, Valencia apareceu na hora para isolar para escanteio. Mas a chance que fez cada tricolor no Engenhão roer as unhas foi aos 39. Em cobrança de escanteio de Márcio Careca, a bola sobrou limpa para Reinaldo, que ao matá-la a deixou escapar.
Gol do título
O último lance tricolor, aos 45, quando Conca, àquela altura mais efetivo nas jogadas para servir o ataque, tocou para Emerson bater fraco, mostrou que no vestiário seria necessária uma injeção de Muricy para tirar o time da inércia. Mas logo no início da segunda etapa, Carlinhos deu um tapa em Paulinho, já caído, e só não foi expulso porque Carlos Eugenio Simon não viu.
Quieta na maior parte da primeira etapa, a torcida tricolor percebeu que precisava empurrar o time. Os gritos aumentaram principalmente após o gol do Palmeiras sobre o Cruzeiro, em Sete Lagoas. Outro resultado ótimo. E após o jogo paralisado aos 10 minutos com as câimbras de Júlio César, Muricy chamou Washington, há 14 partidas sem marcar, para aquecer.
A torcida vibrou com a entrada do atacante no lugar de Júlio César. Parecia um script de Nelson Rodrigues.  Na primeira boa ida de Carlinhos à linha de fundo aos 16, o centro foi para o Coração Valente. Ele tocou de cabeça para a área, a bola resvalou em Guilherme e caiu á feição de Emerson. O Sheik tocou de canhota por baixo das pernas de Ailson e do goleiro xará: 1 a 0 para o Fluminense, loucura no Engenhão.
Muricy trocou Fred por Fernando Bob. Depois, Emerson, ovacionado, por Rodriguinho. Mancini desarmou o 3-6-1 do Bugre, trocando o lateral Guilherme por Pablo. Tentou dar mais agressividade ao tirar Márcio Careca e botar Geovane. E tentou melhorar o ataque com Douglas no lugar de Reinaldo. Mas quem chegou mais perto do gol foi o Flu. Washington quase pôs fim ao jejum, mas bateu fraco, para defesa de Emerson.
O gol da virada do Cruzeiro no fim devolveu a tensão - menos mal que o Corinthians ficou mesmo no empate com o Goiás. Àquela altura, o Flu era obrigado a sair do Engenhão com a vitória. Fred e Emerson, desesperados no banco, pediam o apito final. A torcida gritava, eufórica. Após o apito final de Simon, a festa tricolor começou, sem data para terminar.
FLUMINENSE 1 X 0 GUARANI
Ricardo Berna, Mariano, Gum, Leandro Eusébio e Carlinhos; Diguinho, Valencia, Julio Cesar (Washington) e Conca; Emerson (Rodriguinho) e Fred (Fernando Bob).
 
Emerson, Guilherme (Pablo), Aislan, Ailson e Fabiano; Ronaldo, Maycon, Apodi, Paulinho e Márcio Careca (Geovane); Reinaldo (Douglas).
Técnico: Muricy RamalhoTécnico: Vágner Mancini
Gols: no segundo tempo, Emerson, aos 16 minutos.
Cartões amarelos: Mariano, Emerson e Gum (Flu); Paulinho, Ailson, Maycon e Fabiano (Guarani)
Local: Engenhão, no Rio de Janeiro. Árbitro: Carlos Eugênio Simon, auxiliado por Altemir Hausman (Fifa/RS) e Roberto Braatz (Fifa/PR). Público: 40.905

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